terça-feira, 26 de maio de 2020

Deixando-se Ver...


Dia frio, tarde chuvosa,
solidão batendo à porta...
Cachecol enrolado no pescoço.
Pés descalços.
Janela de vidros fechados
porém a cortina de renda
deixa exposto o corpo
e apenas um cachecol
caído até os joelhos.
Ora cobria o umbigo
ora um seio, ora o meio.
Ela de pernas entreaberta
entretida
seu livro lia.
Ria, por vezes chorava;
era como se o texto sua emoção regesse.
Estar só era bom,
pois sem cuidados as pernas  mexia.
Quando só sentia-se,  pela janela o olhar comprido dirigia
e por instantes se perdia,
mas logo de volta a leitura o olhar dela recebia.
Não sabia a moça vestida só de cachecol e melancolia
que ali  logo a sua frente
pela mesma janela
outros olhos era a ela que lia.
Deleitava-se com sem modos de mover,
deliciava-se com a nudez 
e com o descuidado com que
entre pernas movia.
Era verde o cachecol, disso certeza tinha.
Os cabelos negros reluziam em contraste
a pele certamente macia.
Mesmo sozinha, percebia ele que algo sozinha dizia.
Achou a boca bonita, se perto na certa a beijaria.
A claridade de dentro deixava que mais o ser da moça visse;
viu-lhe o contorno dos seios
dos bicos a cor o seduzia.
Cada um de sua janela 
seu momento viveu,
ela completamente envolvida no que lia,
ele suas vontades com a imaginação satisfazia.
Até que a noite sorrateiramente entrou.
Ele de cansaço dormiu...
Ela mais no cachecol se emaranhou e
num  cobertor se aqueceu.
Dessa forma em sintonia,
 cada em se guardou no mundo que escolheu;
sem do outro a intenção saber.
Trocando impressões
de janela a janela
o mundo é visto assim:
Uns olham e nada veem;
enquanto outros
o prazer da vista tem.
CatiahoAlc./Reflexod'Alma

sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

Maria brincar acha que mais não quer

De sua janela olha e olha e olha e nada vê.
Não nesse dia, nessa tarde
e muito menos nessa noite.
Maria  não quer mais brincar de gato e rato,
não mais quer pensar que tem,
que sabe é o que nunca foi,
nem terá e
nunca será.
É frio  demais,
é cinza de mais,
é  pouco pra quem pode muito.
Mesmo sendo muito pra quem nada teve.
Maria tem os pés no chão
apesar de viver pisando em nuvens.
Maria acorda com sol  lambendo seu corpo nu
enquanto
os pássaros cantam
e bem perto o Mar chama seu nome com carinho e volúpia.
Maria reconhece que
tudo na vida que não teve é por responsabilidade dela,
mas sabe
que tudo que tem hoje
é por se esforçar para ter.
Maria não nega que sonha, que delira
e que também se engana.
lamenta
porém
sempre é tempo de evitar
que do engano se jogue no erro
e se arrebente
entre as pedras.
Já tem muitas cicatrizes e algumas feridas que nunca fecharão.
e já viveu
do Casulo a Liberdade na sombra por tempo demais.
É hora de
ocupar seu lugar ao
Sol.
CatiahoAlc./TrocandoImpressões



quinta-feira, 1 de setembro de 2016

Trocando Impressões me permito pensar:


O que seria reorganizar a vida nesse mundo tão globalizado?
Essa é a indagação dançante em minha mente ultimamente.
Talvez seja um tema presente na vida de quem perde algum querido para a morte ou de quem sem opção vive sozinho e entregue a solidão.
Reorganizar seria além de arrumar a casa em outra perspetiva, trocar
cortinas  e moveis, mudar também valores e metas?
Não sei responder, pois em caso de perda para a morte ou diante da constatação de ser sozinho na verdade, a realidade mudada é tão pessoal pois os 99,99% das pessoas ao redor seguem como se nada tivesse acontecido e para elas não aconteceu mesmo.
Penso que com a globalização em geral, com a internet e os aparelhos eletrônicos
 libertam e juntam gente a distancia; isso ao mesmo tempo que 
poe nas relações uma pontuação de reticencias.
Eu gosto de verdade desse momento do mundo cada vez mais globalizado, isso porque acredito nas relações afetivas e na alegria 
da convivência.
Não sei muito de muita  coisa, mas esse escrito é o que eu penso 
e desejo deixar aqui hoje.
CatiahoAlc./ReflexodAlma
copyright©trocandoimpressões
5 de set. de 201611:48